No próximo domingo, comemoraremos o Dia dos Pais. Claro que é mais uma data com fins comerciais, que, no Brasil, existe desde 1953 e que foi criada na tentativa de atrair comerciantes a publicitarem no jornal O Globo. O publicitário Sylvio Bhering escolheu o dia 16 de agosto para comemorar o Dia dos Pais por ser o dia de São Joaquim, pai da Virgem Maria e avô de Jesus Cristo.
Posteriormente, a data foi modificada para ser celebrada no segundo domingo do mês de agosto, dia em que a grande maioria dos pais está de folga e pode aproveitar o dia com os seus filhos. Mas tal data leva-nos a pensar nos diferentes tipos de pais e na importância deles na formação dos filhos. Os ausentes, onde as mulheres assumem as funções de pai, cuidando sozinhas da criação e do bem-estar dos filhos, porque os pais, em decorrência do fracasso do relacionamento do casal, abandonam o lar e nunca mais mantêm contato, abdicando de acompanhar o crescimento dos pequenos. Os pais presentes, que participam ativamente da criação de seus filhos, em pé de igualdade com a mãe e, ainda, aqueles que são únicos, que na falta da mãe assumem, com garra e corajosamente, o papel de ambos.
Hoje, existem, sim, ainda que em menor proporção, em virtude da pressão cultural machista, pais que, sozinhos, lavam, passam, cozinham, fazem mamadeira, trocam fraldas e até fazem trança nos cabelos das filhas. São homens sem preconceito, bem- -resolvidos, que não cederam seu papel de "criador-cuidador" às mães, avós, tias ou babás e que merecem ser homenageados. Tive sorte, meu pai foi muito presente na minha infância e adolescência. Lembro- -me dele, na garagem, fazendo móveis para a casa de minha boneca Suzi ou fazendo um carro de rolimã para que eu pudesse participar das brincadeiras junto com meu irmão e seus amigos.
Lembro-me dele me carregando na garupa, nos dias de chuva, para não molhar meus sapatos de verniz, e de todas as noites, antes de dormir, que ele colocava meu irmão e eu em cada lado dele, na cama, para ler um livro de história. Lembro-me dele me levando, nas tardes de domingo, ao cinema ou no circo. Foi ele quem me ensinou a nadar e a dirigir. Ele me ensinou a rezar e a agradecer ao Pai maior. Foi uma pessoa muito à frente de sua época. Não tinha qualquer preconceito de cor, raça, gênero, opção sexual ou religiosa, pois dizia que as pessoas deveriam ser felizes para satisfazerem a si próprios e não para agradar aos outros.
Existem inúmeros artigos que falam da importância da figura paterna para o desenvolvimento da criança. Nessa linha, entendo que não importa se um pai sabe ou não ler, escrever, preparar mamadeira, trocar fraldas, cozinhar ou passar roupa, pois um pai não precisa ser perfeito, ele apenas deve ser alguém que esteja presente, que dê bons exemplos, mesmo sem usar palavras e que deixe para os seus filhos boas recordações, que os façam sorrir, mesmo depois de velhos, ao lembrar da convivência daquele que chamam ou chamaram de pai.